Racismo estrutural no Brasil e suas consequências

O racismo estrutural no Brasil é um dos principais fatores causadores da desigualdade social e falta de equidade entre os brasileiros, ainda mais considera a diversidade cultural presente. O racismo está entranhado na sociedade brasileira como um dos elementos de sustentação da estrutura social que privilegia uns a partir do prejuízo de outros. Continue lendo para entender o conceito e conhecer as suas consequências.

Racismo estrutural no Brasil: entendendo o conceito

Para compreender o conceito de racismo, é interessante utilizarmos uma metáfora, para tanto, pedimos que você imagine a construção de uma casa. Para fazer a base da casa é necessário ter materiais como tijolos, areia, vergalhões, água e cimento.

O processo tem início com a subida dos vergalhões e com a sobreposição dos tijolos uns aos outros. A fixação dos tijolos se dá a partir do uso de camadas de cimento, o que dá sustentação à construção como um todo.

Você deve estar se perguntando por que pedimos que imaginasse a construção de uma casa e agora vamos à explicação. Imagine que a sociedade brasileira é também um alicerce de casa sendo erguido, nesse contexto, o cimento representa o racismo. Logo, o racismo é o elemento de sustentação da estrutura social, econômica e política da sociedade.

O Brasil possui uma história de 300 anos de escravidão, foi o último país da América a abolir a escravatura, em 1888. Passado mais de um século, ainda se manteve no inconsciente coletivo da sociedade brasileira o pensamento de que as pessoas negras estão à margem, ou seja, de que elas devem ser marginalizadas. Isso impede que essas pessoas se constituam em cidadãs plenas.

Afinal, o que é o racismo estrutural?

Racismo estrutural nada mais é do que a naturalização de situações, ações, pensamentos, falas e hábitos que de maneira, direta ou indireta, levam à segregação ou ao preconceito racial. Diariamente, a população negra é impactada de alguma forma por esse processo.

Há a normalização de frases e atitudes que podem ser interpretadas como sendo racistas e preconceituosas. É bem provável que você já tenha ouvido alguma piada em que negros e indígenas são associados a situações e comportamentos vexatórios, criminosos ou degradantes. Outro exemplo recorrente, infelizmente, é o do julgamento prévio do caráter de uma pessoa com base apenas no tom da sua pele.

Também é um tipo comum de racismo aquele em que se adota eufemismos para se referir a pessoas negras, como “moreno” ou “pessoa de cor”. Ao utilizar essas expressões, fica evidente que o emissor se sente desconfortável de utilizar palavras como “negro” ou “preto” pelo fato do estigma social que elas carregam.

A normalização do racismo como parte da estrutura social faz com que tais ações se reflitam em instituições públicas e privadas. É possível identificar no Estado e nas leis ferramentas de exclusão da população negra e a falta de políticas públicas que tentem oferecer melhores condições de vida para essa parcela da sociedade.

Por que é importante discutir o racismo estrutural?

O racismo estrutural faz parte da construção da sociedade brasileira, essas questões raciais são determinantes para nossos relacionamentos sociais. O ser humano é composto por subjetividades, como preconceitos, o que se reflete diretamente na forma como se relaciona com o próximo. Infelizmente, essas relações sociais se mostram bastante afetadas por uma construção histórica equivocada, em que a população negra é mantida em uma posição subalterna.

Falas, pensamentos e atitudes racistas são entendidas como o “normal” e não como uma anomalia excludente. Aceitando ou não o racismo, ele constitui as relações em seu padrão de normalidade. Essa normalização leva à desvalorização da cultura, história e intelecto da população negra. Ao renegar as potencialidades dessa parcela da população, há o aumento do abismo entre negros e brancos no Brasil em esferas econômica, política e social.

Quais são as consequências do racismo estrutural?

As consequências do racismo estrutural no Brasil podem ser compreendidas por meio de números. Para se ter uma ideia, de acordo com o Atlas da Violência de 2019, pessoas negras representam 75% das vítimas de homicídio. Além disso, negros são a maioria na camada mais pobre da população brasileira. Dos 10% de pessoas mais pobres do país, 75% são negros, de acordo com dados do IBGE.

As consequências do racismo estrutural no Brasil somente podem ser compreendidas a partir do entendimento de que se trata de um fenômeno transversal. Esse fenômeno gera uma verdadeira teia de violências que impacta a vida de mulheres e homens negros.

O racismo estrutural também estabelece os mecanismos do tráfico de mulheres e crianças, que se reflete na violência contra a população LGBTQI+ negra, ribeirinha e quilombola. Gera, ainda, preconceito contra expressões da cultura negra, como religiões de matriz africana que cotidianamente precisam reafirmar o seu direito de existir.

Quando é necessário reafirmar os seus direitos de cidadão diariamente se torna muito mais difícil lutar por outras conquistas, como um bom trabalho e uma vida salutar.

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