Gás Mostarda: Você já ouviu falar sobre?

Durante a Primeira Guerra Mundial, a substância conhecida como Gás Mostarda foi utilizada pela primeira vez como arma química. Houve um número expressivo de vítimas. Continue lendo para entender o que é essa substância e como foi criada. 

Gás Mostarda: conheça a sua origem

Em 1822, César-Mansuète Despretz (1791-1863) – físico e químico naturalizado francês – produziu pela primeira vez o Gás Mostarda. Porém, foi somente em 1860 que a substância foi definida como tóxica pelo químico alemão Albert Niemann (1834-1861). No decorrer dos anos, diversos cientistas se dedicaram à melhoria e aperfeiçoamento do seu fabrico, tornando essa substância mais eficiente. 

Dois ingleses se destacaram nesse trabalho de melhoria do Gás Mostarda, são eles: Frederick Guthrie e Hans T. Clarke. O cientista alemão Victor Meyer também desenvolveu um trabalho relevante nessa área. A substância é conhecida ainda por outros nomes, como mostarda sulfurada, Levinstein, ipirita, entre outros. 

O que é o Gás Mostarda?

A fórmula química do Gás Mostarda é C4H8Cl2S, essa substância se caracteriza por ser líquida e oleosa quando em temperatura ambiente. No seu estado puro, é incolor e inodoro. Já na forma impura, é amarelo e tem um cheiro característico que lembra o odor de mostarda. Inclusive, é devido a essas características o seu nome.

O ponto de fusão (PF) é 13°C e o ponto de ebulição (PE) é 216°C. A sua densidade é de 1,27g/mL. É insolúvel em água e bastante solúvel em lipídios (tecido adiposo). Também se mostra bastante solúvel em solventes orgânicos, como clorofórmio, etanol, benzeno, hexano e éter. A substância pode ser obtida através de reação entre o eteno e o dicloreto de enxofre. Seu nome oficial é 1,1-tio-bis-2-cloroetano. 

Gás Mostarda: produção em escala industrial

A Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial, utilizou o método de síntese Meyer-Clarke para produzir Gás Mostarda em escala industrial. Essa produção permitiu seu uso como arma química pela primeira vez na história. A cidade de Ypres, na Bélgica, foi a primeira a ser vitimada por essa substância em 12 de julho de 1917.

Nessa primeira ocasião, houve baixas em ambos os lados, uma vez que ainda não se conhecia totalmente os efeitos da exposição do organismo a essa substância. Os soldados alemães responsáveis pelo ataque usavam apenas máscaras de proteção contra a asfixia, mas sua pele estava exposta aos efeitos nocivos do gás. 

Efeitos do contato com o Gás Mostarda 

Quando entra em contato com a pele, o gás gera bolhas e pode provocar queimaduras graves, inclusive pode levar à cegueira. A proteção completa demanda o uso de roupas e máscaras que isolem totalmente o corpo do contato com a substância. Por não ser solúvel em água, o Gás Mostarda é muito difícil de ser removido da pele, sendo necessário utilizar solventes orgânicos.

Porém, se a exposição ao gás é prolongada ou em quantidades expressivas, é possível que a substância chegue ao tecido adiposo. Assim, passa pelo processo de hidrólise, produzindo um cátion bastante reativo que leva à formação de HCl (ácido clorídrico) e o 1,4-tioxiano. Esses dois últimos compostos são os responsáveis pela formação de bolhas e queimaduras na pele. 

“Cegueira” pelo Gás Mostarda 

Muitas vítimas ficavam “cegas” em decorrência da forte conjuntivite causada pelo gás. O inchaço na região dos olhos impede que a pessoa enxergue. O Gás Mostarda também causa danos às vias respiratórias podendo levar a óbito em decorrência de edema pulmonar. A ação é semelhante ao do gás cloro (Cl2), outra arma química bastante utilizada durante a Primeira Guerra Mundial.

Múltiplos efeitos adversos 

O Gás Mostarda causa lesões graves nas vias respiratórias, gastrointestinais e neurológicas, assim como irritação nos olhos que pode levar à cegueira temporária. Outros efeitos adversos provocados pelo contato incluem rompimentos de vasos sanguíneos (hemorragias), vômitos constantes, queimaduras na pele (causadas pelo agente vesicante) e surgimento de bolhas. 

Essa substância é um agente mutagênico e carcinogênico, isto é, a exposição prolongada ao mesmo resulta em mutações e no aparecimento de cânceres em longo prazo. O terror provocado pelo uso desse tipo de substância foi tão grande que acordos e tratados internacionais foram assinados para banir essas armas químicas. 

Infelizmente, esse tipo de arma ainda é utilizado em confrontos. O Nobel da Paz de 2013 foi concedido à OPAQ (Organização para a Proibição das Armas Químicas) como reconhecimento por seu trabalho na busca pela eliminação de arsenais de armas químicas em todo o planeta

Benefícios

O medo do uso dessa substância fez com que muitos países investissem em pesquisas relacionadas ao composto. O potencial mutagênico e carcinogênico desse gás – responsável por causar mortes lentas e dolorosas – permitiu a descoberta de um composto químico que contribui para o tratamento e cura do câncer. 

Em 1946, cientistas observaram que a “mostarda nitrogenada” (um composto semelhante ao gás mostarda, mas no qual há um átomo de nitrogênio no lugar de um de enxofre) reduz o crescimento de tumores. O avanço na realização dessas pesquisas levou à descoberta do primeiro quimioterápico chamado mecloretamina. 

Agora você já sabe o que é e quais são as implicações do uso de Gás Mostarda!

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